Muitas pessoas dizem que quem tem diabetes tem pior cicatrização. Isto pode ser verdade, mas não é uma verdade absoluta. Vou explicar resumidamente como a diabetes pode influenciar no curso de cicatrização de uma ferida, e porque este assunto merece atenção.
A diabetes comumente cursa com um problema que chamamos de microangiopatia, que é a doença de pequenos vasos sangüíneos. Com o passar de anos da doença, este problema tende a ser mais frequente. Isso faz com que tecidos das extremidades, dentre eles pele, tendões e ossos fiquem com suprimento sangüíneo mais fraco, o que pode dificultar a regeneração dos tecidos.
O grau de infecção no diabético também pode ser uma preocupação. A microangiopatia, afetando os tecidos, faz com que eles fiquem mais vulneráveis ao crescimento das bactérias, que podem causar morte celular. No intervalo de 1 semana atendi dois pacientes diabéticos no consultório, com feridas de meses de duração e recobertas por tecido necrótico (morto). A presença deste tecido com certeza impede a plena cicatrização.
Esta demora de cicatrização faz muitas vezes com que o paciente fique semanas ou meses com a ferida aberta, o que o deixa mais vulnerável a ciclos de infecção, que podem ser de leves até mais graves e profundas.
Nos estágios mais avançados do diabetes, a microangiopatia dá lugar à macroangiopatia, com obstrução das artérias principais da perna, causando o que chamamos de doença arterial obstrutiva periférica. Neste estágio, pequenos quadros infecciosos podem se transformar em grandes feridas e gangrena, e muitas vezes é necessário uma revascularização para desobstruir os vasos e possibilitar a cicatrização definitiva.
Portanto, feridas abertas no paciente diabético requerem atenção, mas felizmente hoje dispomos de muitos recursos para ajudar na cicatrização.
Dra. Grace Mulatti
Cirurgia Vascular
CRM 124.954 / RQE 44726
A doença arterial periférica compreende a obstrução das artérias dos membros, mais comum em membros inferiores. A sua principal causa é a aterosclerose, que é a proliferação de placas de colesterol e outros lipídios pelo corpo. Alguns fatores podem acelerar este processo de depósito de placas, tais como a diabetes, a hipertensão arterial e o tabagismo. É muito rara em pacientes jovens e sem fator de risco.
Os aneurismas são doenças das artérias, que envolvem uma dilatação, ou um aumento do diâmetro do vaso. O tamanho varia conforme a artéria do corpo, mas existem aneurismas de quase todas as artérias. Os mais frequentes são os cerebrais e os da Aorta Abdominal. Também podem ocorrer aneurismas de outras artérias, tais como as artérias das vísceras abdominais ou dos membros.
O tratamento endovascular revolucionou a especialidade nos últimos 20 anos. É uma modalidade de tratamento minimante invasiva, ou seja, sem cortes, ou com pequenos cortes, é feito o acesso por dentro do vaso sanguíneo, e através do uso de cateteres, balões e stents o problema é solucionado. Nos casos de obstrução é feita a desobstrução, e nos casos de dilatação, tais como aneurismas arteriais, é feito um revestimento interno no vaso, como se fosse colocada uma luva em uma tubulação, para que não ocorra vazamentos.
A trombose venosa profunda é uma doença que acomete mais os membros inferiores do que superiores. Normalmente ocorre a obstrução de uma ou mais veias por coágulos. Esta obstrução pode ser causada por alguns fatores, tais como: imobilizações prolongadas em pós-operatórios ou fraturas, viagens longas de avião, terapias de reposição hormonais, fatores genéticos.
As varizes dos membros inferiores são uma doença do sistema venoso superficial. Muitas vezes o paciente procura assistência médica devido ao desconforto estético, principalmente quando há pequenos vasinhos roxos, como representados na foto. Contudo, sabe-se que estes vasinhos roxos ocorrem sempre em consequência a microvarizes, que são vasos tortuosos e esverdeados que os nutrem.
As artérias carótidas são ramos que saem da Aorta e levam sangue diretamente para o cérebro. A maior parte das doenças da carótida envolvem obstrução destes vasos, em sua maioria causadas por aterosclerose, que são placas de colesterol que se formam ao longo da vida. Quando as artérias carótidas estão gravemente obstruídas (acima de 70%), há um risco grande de causar acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral.